Projeto Encontros Sociais

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

História do local por um morador



"As terras do Engenho Madalena que havia sido doada por Duarte Coelho ao seu cunhado Jerônimo de Albuquerque, e passando aos seus filhos no final do século XVI, que venderam cada um sua parte. Pedro Afonso Duro adquiriu a parte acima do rio Cedro. Casado com D. Madalena Gonçalves, fundou um engenho de açúcar. Vendido a João de Mendonça, que já o possuía em 1630, citado na época como engenho Madalena ou Mendonça.

Em fins do século XVIII a propriedade pertencia a Dr. João Rodrigues Colaço, neste período o engenho já não funcionava, em seguida foi herdada por seu afilhado e sobrinho, José Marcelino Rodrigues Colaço, que passou a seus filhos, entre os quais Dr. Filipe Nery Colaço, falecido em 1894. Dividida então a propriedade foi retalhada em vários sítios, cujos proprietários venderam-nos a diversos. Uma das frações de terras foi adquirida por Manuel Monteiro, depois foi arrendada ao Sr. Oscar Berardo Carneiro da Cunha, que estabeleceu no local uma vacaria. Oscar Berardo apossou-se do local logo depois do falecimento do antigo proprietário, este não havia deixado herdeiros ou parentes, passando a localidade a ser ocupada gradativamente a partir da década de 10 do século XX, vindo a ser denominada de Sítio do Berardo pelos populares.


Desde fins do século XIX, plantações de capim, árvores frutíferas, currais, viveiros de peixes, terreno baixo e alagado, tinha uma parte formada por um braço de maré com manguezais e outra parte com campina. Neste cenário iniciou-se o aparecimento dos primeiros mucambos, dispersos e poucos, construídos de pau-aplique, palha e madeira, cobertos com capim luca sem água encanada, energia elétrica e de difícil acesso, eram os primeiros estabelecimentos residenciais que viriam a compor a comunidade do Berardo.

Com a fundação do Textifício Santa Maria (Fábrica de Estopa do Zumbi) em 1929, de propriedade de Artur Carneiro Medeiros, o Sítio do Berardo começa a receber migrantes do interior do Estado e pessoa dos arrabaldes do Recife, como: afogados, Estradas dos Remédios, Iputinga, Cordeiro. Atraídos por emprego na fábrica, ocupavam o terreno e construíam seus mucambos com autorização de Oscar Berardo, que cobrava aluguel pelo espaço cedido.

Com o advento da inauguração do Textifício Santa Maria, a ocupação do Sítio do Berardo não tardaria para ocorrer com maior intensidade. Na medida em que os anos foram passando, esta ocupação foi ganhando novas proporções, fossem pela contínua chegada de pessoas de outras áreas da cidade e do interior ou mesmo de estados visinhos e pelo crescimento das famílias no Berardo já estabelecidas."

Por: ANGELO FELIPE DO NASCIMENTO BEZERRA - Historiador e morador da comunidade.
fonte:

 Pedro Germano 

terça-feira, 24 de maio de 2011

IIº CINE Encontros Sociais



O rio Capibaribe e as inundações na comunidade de Vila Arraes


Foto 1 - Ponte de Vila Arraes, líder comunitária 
Eliane(BAIA) a direita.15/abr/2011. Robson C.

No mês de maio, a população de Vila Arraes, comunidade situada as margens do Capibaribe no bairro da Várzea, foi atingida pelas cheias que  ocorreram com a abertura de algumas comportas da Barragem de Carpina. Esse evento acabou transformando o cotidiano da comunidade, bem como, alterando nossas participações na própria comunidade. Nos locais que margeiam o Rio Capibaribe, quando visitamos um mês antes a ponte de Vila Arraes (construída por algum vereador, segundo a líder comunitária. (Foto1 e 2))  podemos notar a predominância de um problema grave e banalizado, não só na várzea mas também em toda Região Metropolitana do Recife (RMR), a ocupação irregular de barrancos e casas em margens de corpos d'água.



Foto 2 - Ponte de Vila Arraes. 15/abr/2011. Robson C. 

A maioria dos moradores que foram atingidos perderam tudo, por terem sidos pegos de surpresa, eles alegaram que não ouve aviso prévio e sinal de alerta, por parte dos órgãos públicos sendo atingidos as 01h00min da manhã, momento em que muitos encontravam-se dormindo, sendo assim, não tendo como salvar seus pertences.

   A população atingida ocupava o leito do rio Capibaribe por ser, lá o único lugar encontrado por eles, para fincarem suas moradias. E é nessa ocupação dos leitos do rio que está o problema. A ocupação de um leito de rio além de ser uma agressão ao meio ambiente é também a principal causa de tragédias, que podem ser consideradas, porque não, anunciadas! A maioria das populações ribeirinhas ocupam os leitos do rio quando eles estão em sua normalidade, o que passa a sensação de segurança, mas um rio é composto por vários leitos e cada um deles são utilizados em momentos de mudanças naturais do próprio rio.
leito é o terreno por onde corre um rio. Nas regiões de regime irregular, como resultado das oscilações do caudal (vazão), o leito do rio pode apresentar extensões diferentes ao longo do ano. De acordo com a quantidade de água, pode ser classificado como:
Leito aparente: terreno coberto por águas, quando não influenciadas por cheias, inundações ou tempestades. (Figura 7 – A, B e C), que é o momento que as populações constroem suas habitações desconhecendo o perigo.
Leito de estiagem/seca: a quantidade de água diminui, em consequência de uma época de seca prolongada. - a precipitação escasseia e a evaporação aumenta - fazendo com que o caudal dos cursos de água diminua. (Figura B)
       Leito de cheia: o fluxo de água de um leito aumenta e sobe vários metros - ocorre em   períodos do ano de concentrada precipitação, em que o rio transborda das suas margens - inundando as áreas próximas. (Figura C)

Figura  A                                 Figura B                                  Figura C

Foto 3 -  Acesso a ponte de Villa Arraes, leito maior do
Capibaribe maio/2011. Robson Cavalcanti.
O Leito de cheia foi o responsável pela catástrofe ambiental, que assolou a microrregião da Mata Meridional, em junho de 2010 em Pernambuco. Causado por um evento climático, que está incluso do conceito de variabilidade climática. É esse o leito onde estão as populações ribeirinhas da Comunidade de Vila Arraes. Muitos moradores sabem dessa dinâmica do Rio, sem nenhum conhecimento prévio  geográfico ou de ciências afins. Isso ocorre, por eles já terem vividos antes essa situação nula , mas a maioria não têm  outra alternativas de moradia, tendo que passar a conviver com o medo nos períodos de chuvas. (Foto 3 e 4).

Foto 4 -  Residência na comunidade de Vila Arraes, o rio
 que passava no terreno atrás da casa, agora ocupa a
 toda casa, maio/2011 Robson Cavalcanti.


 Os desabrigados dessa cheia foram para a Archdiocese de Olinda e Recife. (Foto 5 e 6)

Foto 5 - Bnner no hall da Arhdiocese de Olinda e Recife,
maio/2011. Robson Cavalcanti
.


Foto 6 -Crianças desabrigadas na fila da janta,
Archdiocese de Olinda e Recife, maio/2011. Robson Cavalcanti.
Nesse período, o grupo várzea já estava com a programação das rodas de diálogo prontas para serem postas em prática na Escola Cândido Duarte, mas a situação dos moradores da várzea acabou provocando uma mudança temporária do público a quem aplicaríamos a roda de diálogo (CINE Construindo Relações). Essa experiência evidência os desvios que podem sofrer as programações dos grupos atuantes nas comunidades.  
A primeira Roda de Diálogo, do grupo ocorreu no auditório da Archdiocese e atendemos ao pedido da coordenadora para aplicarmos a Roda de Diálogo as crianças do local. (Foto 7 e 8)

Foto 7 - Laura e Juliana, organizando a abertura
do CINE Encontros Sociaias


Foto 8- * Cine Construindo Relações


Foi algo novo, tanto para as crianças, quanto para o grupo várzea. O filme que foi apresentado foi UP. O filme mostra a aventura de Carl Fredricksen que passou a vida toda sonhando em explorar o planeta e em aproveitar a vida ao máximo. Mas aos 78 anos de idade, parece que a vida o ignorou, até que uma reviravolta do destino (e um persistente Explorador de Terras Selvagens de 8 anos, chamado Russell) dá um novo sentido para sua vida. 

Robson Cavalcanti

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Comunidade Beira Rio

  Disponível em: http://wikimapia.org/#lat=-8.1289946&lon=-34.9120617&z=16&l=9&m=b
A comunidade Beira Rio está presente no bairro de Boa Viagem que fica em uma das áreas mais nobres na Zona Sul de Recife. O local é composto por instituições educacionais de referência como a Escola Santos Dumont que tem um ótimo centro esportivo, a Escola Manoel Borba e a Escola Brigadeiro Eduardo Gomes que também estão próximas. A comunidade também possui creche não governamental que recebe crianças pré-escolares e um Centro Espírita que desenvolve atividades com crianças.
No momento estou começando por em prática minhas atividades na comunidade, no entanto é necessário mais articulações com os grupos sociais que existem na Beira Rio. Nessas duas semanas tivemos contatos e fizemos a roda de diálogos com as mulheres do bingo, que são da comunidade e se reúnem todas as tardes para, se de certa forma, se divertir e tentar a sorte nas rodadas jogadas. Estamos tentando convencê-las a participarem do nosso projeto que é direcionada a saúde da mulher, e assim poder ajudar, não só a elas, mas todas que se interessarem pelo nosso trabalho na comunidade. Para isso estamos tentando ter uma articulação básica com a uma Unidade de Saúde da Família, localizado na Ribeiro de Brito que tem uma atividade que envolve várias especialidades da área médica.
Enfim, será gratificante fazer parte desse projeto, tendo a possibilidade trocar conhecimentos com a comunidade e poder trazer esperanças de uma vida com a qualidade para as mulheres da Beira Rio.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Observando a Comunidade


Esses dias, observando a comunidade em que estou tentando desenvolver um trabalho, enquanto “conexista“, fui mais uma vez acometida por questionamentos que recorrentemente me assaltam, quando, mesmo en passant volto minha atenção para esses conjuntos de habitações, comércios, escolas e afins populares.
Assim, fico me perguntando, intrigada, os motivos vários, pelos quais tais localidades surgem como que espontaneamente, abiogênico, eu diria. Se se desvia um pouco a atenção e plim! Sem ao menos tentar se esconder da visão periférica, surge uma casa, mais um bar, e o que eu poderia dizer de igrejas?! Essas (valendo-me do trocadilho) surgem milagrosamente. Exatamente naquele lugar que ninguém poderia crer que caberia sequer uma pessoa de perfil. Espantoso.
O ambiente é celeumático. Algo para fazer o famigerado Malthus ficar “absurdado”. Mas, curiosamente, fazendo jus, ao que já enfatizou o sociólogo José de Souza Martins sobre as diferenças de modos de vida, formas de vivenciar o cotidiano e maneiras de pensar e crer: Há “uma grande diferença no que concerne ao comunitarismo nas aglomerações mais pobres e ao individualismo nas aglomerações mais ricas e de classe média”. De fato.
A despeito de esses bairros, bem menos abastados financeiramente, estarem, em sua maioria, a revelia dos interesses do Estado, tais ingerências parecem ser solapadas na medida em que um Seu João, batalha pelo bem comum para a construção de escolas. E tantos outros nomes, anônimos, juntam-se para protagonizar esse cenário. E o que fazem em verdade, não é uma encenação, mas uma atuação que não permite ensaios em uma realidade que fermenta dentro de um tempo que urge.
Seja como for; os problemas de infraestrutura, a expansão de favelas e loteamentos clandestinos, lugar-comum daqueles que, legalmente, não têm lugar nenhum, ainda assim haverá quem queira e consiga passar de uma situação de apenas vitimados para sujeitos de suas histórias, agentes, conscienciosos de suas condições e prontificados para transformá-las. Exercitando aquela palavrinha que tão costumeiramente ouvimos, cidadania.
Mariane Cândido.

terça-feira, 3 de maio de 2011

CINE ENCONTROS SOCIAIS


Mensalmente o PET Encontros Sociais: Praticando diálogo construindo relações promove uma sessão de cinema pautada em um tema anual, o tema deste ano é DIREITOS HUMANOS. Nessas seções após a exibição do filme é aberto um debate, onde todos os presentes expõem suas impressões com relação ao filme e ideias contiguas.
Por meio da linguagem audiovisual e do conteúdo exposto o telespectador é convidado a não só assistir o filme de forma passiva, mas sim construir junto com os demais um olhar mais amplo através da troca de opiniões. Desta forma quanto mais diversa é o publico do Cine Encontros Sociais mais rico o debate se torna.
No dia 27 de abril de 2011 foi exposto o filme CICLOVIDA, onde tivemos exposta a opinião de estudantes  graduando em diversos cursos UFPE, mesmo que todos pertençam ao microcosmo desta universidade e que o debate tenha sido muito rico em termos de um conhecimento de cunho formal, não queremos a opinião de graduandos e sim resgatar cada olhar que é infinito em suas idiossincrasias. Por isso o Cine Encontros Sociais tem o interesse de mobilizar não só os universitários, mas o publico em geral para a construção deum olhar mais humanista como o próprio tema em pauta sugere.
A linguagem cinematográfica com seu jogo de constate movimento, luz e som serviram de mote para articulação do grupo PET Encontros Sociais com os alunos da Rede Pública de Ensino. Podemos com isto chamar a atenção dos mesmos para os objetivos almejados pelo grupo, que são: estabelecer a convivência e construir junto com eles autonomia de pensamentos. Assim traves do contato que o grupo Pet Encontros Sociais teve com diversas comunidades pôde-se conhecer a realidades destes estudantes e a partir das histórias relatadas no filme, pretendesse resgatar suas próprias histórias.


 Laura Hamonyta.