Projeto Encontros Sociais

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terça-feira, 10 de maio de 2011

Observando a Comunidade


Esses dias, observando a comunidade em que estou tentando desenvolver um trabalho, enquanto “conexista“, fui mais uma vez acometida por questionamentos que recorrentemente me assaltam, quando, mesmo en passant volto minha atenção para esses conjuntos de habitações, comércios, escolas e afins populares.
Assim, fico me perguntando, intrigada, os motivos vários, pelos quais tais localidades surgem como que espontaneamente, abiogênico, eu diria. Se se desvia um pouco a atenção e plim! Sem ao menos tentar se esconder da visão periférica, surge uma casa, mais um bar, e o que eu poderia dizer de igrejas?! Essas (valendo-me do trocadilho) surgem milagrosamente. Exatamente naquele lugar que ninguém poderia crer que caberia sequer uma pessoa de perfil. Espantoso.
O ambiente é celeumático. Algo para fazer o famigerado Malthus ficar “absurdado”. Mas, curiosamente, fazendo jus, ao que já enfatizou o sociólogo José de Souza Martins sobre as diferenças de modos de vida, formas de vivenciar o cotidiano e maneiras de pensar e crer: Há “uma grande diferença no que concerne ao comunitarismo nas aglomerações mais pobres e ao individualismo nas aglomerações mais ricas e de classe média”. De fato.
A despeito de esses bairros, bem menos abastados financeiramente, estarem, em sua maioria, a revelia dos interesses do Estado, tais ingerências parecem ser solapadas na medida em que um Seu João, batalha pelo bem comum para a construção de escolas. E tantos outros nomes, anônimos, juntam-se para protagonizar esse cenário. E o que fazem em verdade, não é uma encenação, mas uma atuação que não permite ensaios em uma realidade que fermenta dentro de um tempo que urge.
Seja como for; os problemas de infraestrutura, a expansão de favelas e loteamentos clandestinos, lugar-comum daqueles que, legalmente, não têm lugar nenhum, ainda assim haverá quem queira e consiga passar de uma situação de apenas vitimados para sujeitos de suas histórias, agentes, conscienciosos de suas condições e prontificados para transformá-las. Exercitando aquela palavrinha que tão costumeiramente ouvimos, cidadania.
Mariane Cândido.

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